
Todo o conteúdo deste post está assegurado sob uma licença Criative Commons Congada fotografada por Augusto Riedel em Morro Velho, Minas Gerais em … …
Congado dos Negros na Serra Antiga
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Congado dos Negros na Serra Antiga
(Da já velha série “Livro no forno”. Partilho apenas porque tenho paixão pelo tema.)
Nota importante: Sempre bom advertir aos ratões mais abusados que essas notas estão asseguradas em seus direitos autorais por uma Licença internacional Criative Commons )
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Kimpa Nvita e o Brasil (notas reflexivas para futuro trecho do novo livro )
Kimpa Nvita foi uma rebelde congo-angolana do início do século 18. A ideologia de sua rebelião missionária, tinha fundamentos messiânicos e estava estruturada na crença de que Kimpa era a reencarnação de Santo Antônio que viera ao mundo para libertar o Reino do Kongo do jugo colonial..
Segundo os insólitos preceitos da seita, Jesus Cristo e Virgem Maria, na verdade seriam negros e africanos. Um catolicismo africano, portanto, se poderia dizer.
Kimpa morreu em Mbanza Kongo, capital do Reino do Kongo, numa fogueira da inquisição em 1706.
Mais vejam que incrível: muitas outras rebeliões no Brasil e na ampla Diáspora africana nas Américas possuem em sua história marcas desse “antonionismo” secular. Logo, o citado “Kilombo de Manoel Kongo” em Vassouras, Rio de Janeiro, Brasil, em 1838 foi, podemos afirmar, uma rebelião de caráter antonionista (ou “antoniana”).
Planejada, suponho, desde 1834 por escravizados de uma elite profissional da Vale do Paraíba (ferreiros e marceneiros), a rebelião,inesperadamente surgida, como sequela, efeito colateral de um inacreditável projeto desenvolvimentista de um rico fazendeiro positivista da região, era formada por um grupo muito bem articulado, cujo plano (segundo as apavoradas autoridades locais) previa o assassinato dos brancos da região.
Quase ninguém estuda isso ainda, mas um quilombo perene, jamais desbaratado, teria sido o resultado dessa citada Rebelião de Manoel Kongo, o personagem mais célebre do evento, que teria sido apenas um do líderes.
O chefe real da rebelião, morto em combate, provavelmente foi um moçambicano (munhambano) chamado Epifânio. Manoel Kongo, teria sido, portanto, única vítima fatal da repressão à revolta, um bode expiatório, assassinado para servir de exemplo, como era praxe no sistema de justiça colonial.
Supomos – agora com muita propriedade, pois, existem fontes escritas e cabais sobre esse fato – que a iniciativa da insurreição não teria sido um arroubo precipitado de um bando de negros desesperados, mas sim a eclossão, precipitada por motivos ainda fortuitos, de um plano de libertação perpetrado por essa organização secreta, há muito tempo atuante em Vassouras.
A seita, segundo as autoridades policiais da comarca, era devotada à Santo Antônio e seria denominada “Elbanda” (“Embanda”, seguramente “Mbanda”) inspirada na mesma ideologia da seita criada por Kimpa Nvita no Congo colonial, mais de um século antes da Rebelião de Vassouras.
Segundo essas fontes escritas e nas entrelinhas de outros documentos cartoriais, os líderes da “Embanda”, organizados em células estanques (mais ou menos como células comunistas dos anos 70) se chamavam “Tata (pai) Korongo” (o sentido estrito desse termo, em boa parte já desvendado por nós, é um spoiler que não dou nem morto)
O tema está longe de ser aprofundado por aqui e estes dados todos estão imiscuídos nos autos oficiais do processo de condenação dos rebeldes presos, cruzados com o modesto livreto “Crônica da cidade de Vassouras” de Ignácio Raposo e outras fontes que mantenho em cuidadoso sigilo.
Há dados e marcas arqueológicas diversas com sinais deste viés religioso (ou ideológico) africano em textos acessíveis por aí.
É só saber ler as entrelinhas e cruzá-las com outras informações e fontes que, como um castelo de cartas a história oficial desmoronará.
Ninguém ainda se atreveu a considerar isto por conta do simbolismo criado em torno do tema (a tal intocável ‘pureza africana’ e outras impertinências que pregam a dita “supremacia nagô”) mas encontrei também indícios evidentes de antonionismo no Kilombo de Palmares (acharam por lá, além de capelas católicas, estatuinhas de Santo Antônio, chamadas em Angola hoje de “Toni Malau”), Kilombo de Palmares este que, de certo modo, em seu auge, foi quase contemporâneo de Kimpa Nvita (virada do século 17 para o 18).
O fato é que a maioria das pessoas, por injustificável ignorância, não considera que elementos do catolicismo apostólico romano estariam sim introjetados na cultura dos bakongo (origem da maioria dos africanos que vieram pra o Brasil) desde o século 15.
Fecham, contudo, os olhos às influências evidentes das marcas do islamismo (e do próprio catolicismo!) no, supostamente e “puramente africano “Candomblé”. Negacionistas toscos, esses aí.
Pureza…rs rs rs. Pureza para mim, macaco véio, só mesmo cachaça, água inebriante de nirvanas, que mesmo carente de prazeres, nem bebo mais)
Spirito Santo
Quarentena de Abril de 2021. (CC)
(Atenção, Ratões…Mantenham-se espertos. A foice ceifa os distraídos)
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Congado dos Negros na Serra Antiga
Todo o conteúdo original deste blog está assegurado sob uma Licença Creative Commons. A saga de ‘Los Indios Tabajaras‘ “…O …
America Iracema: o violão eterno do último dos tabajaras
Artigo original integral sobre Pluriarcos africanos
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Mídias líquidas. Um conceito para a cultura negra na Diáspora
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MÍDIAS LÍQUIDAS, o conceito (alguns pode chamar de teoria ou tese)
A cultura africana na Diáspora navegou por águas inevitáveis e inesperadas Muitas e intensas evidências de que a formação dessa musicalidade africana na Diáspora das Américas, como verdes campos e matas ribeirinhas, se localiza nas bacias dos rios Zambeze e Congo, que cortam e banham uma enorme região da África saindo, um (o Nzaidi (Nzere para alguns) ou Zaire conhecido também como Congo) do centro do continente rumo ao Atlântico e o outro (o Zambezi), nascendo mais ao leste, na Zâmbia (que tem o rio no nome) daí seguindo para o Índico, até a região central de Moçambique, via outra mídia ampla e avassaladora que foi o mar.
Se tudo – manufaturas, mercadorias, gentes (as vezes escravizadas), sons de gente assim e assada, notícias, dispositivos de tudo, navegou por aí, essas águas doces foram, portanto, as Mídias de toda essa história para cá transplantada por vias marítimas, salgadas, mas do mesmo modo, líquidas. Seres um pouco aquáticos, chegados aqui no pós naufrágio de nossa liberdade.
Essa rica música, borbulhante, tanto lá, quanto aqui na Corte do Rio de Janeiro de meados do século 19, foi sugada junto com as pessoas capturadas nessas regiões, música sequestrada, pois, mas jamais refém de ninguém, porque se esvaiu pelas frestas do sistema escravista e inundou as ruas das nossas grandes cidades, aqui, a partir da Corte Imperial.
Difícil barrar os rios.
Depois de se espraiar irrigando esta maior parte do continente africano, numa malha fluvial que unia os dois lados da chamada África Central, de leste a oeste, a cultura desses povos sequestrados, hermeticamente contida na memória dos cativos, foi canalizada para portos na costa atlântica (Amboin, Ambriz e Benguela além de, em menores proporções, na costa oriental, o Inhambane), por fim atravessando daí o meio líquido fatal do Oceano Atlântico, fazendo a mitologia do Kalunga – um meio líquido – aaquela do Cosmograma, bakongo, fazer todo o sentido.
Difícil domar os mares
Mídias líquidas ensejaram e configuraram a música e a cultura da Diáspora. Quase anfíbios, somos parte desse estuário.
Spírito Santo Junho 2020
(Se você é dado à academicices, não confunda este conceito com o de Zigmunt Bauman (“Modernidade líquida”) no caso de Bauman, se trata de aspectos modernos de nossa sociedade que, eventualmente podem se liquifazer. No nosso caso se trata de coisas líquidas em sentido lato mesmo, o meio, o veículo pelo qual a cultura dessa região foi transferida para o Brasil, junto com mercadorias, entre elas gente capturada, trazida à força para cá com suas mensagens seculares.
No academicismo negro a negação da Diáspora Há um que de esquizofrenia e histeria teoricista nas relações intelectuais, acadêmicas em setores …
Academia Branca x Universidade Preta?
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‘Mino’. As incríveis Amazonas do Daomé