Dossiê do Titio: Prêmio Funarte de Arte Negra lavado

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Premiados arte negra copy

A lavadeira sem sabão diante da roupa suja

Sabão um pedacinho assim
A água um pinguinho assim
O tanque um tanquinho assim
E a roupa um tantão assim
Para lavar a roupa da minha sinhá
Para lavar a roupa da minha sinhá ”

 (Monsueto Menezes)

 E as nuvens negras abriram lugar para as brancas nuvens
A gênese do prêmio

(Já vi este filme. Começa com um animado flash back:)

Ano de 2012. A Funarte acabara de divulgar o resultado de um edital para a ocupação de teatros da rede estadual na cidade do Rio de Janeiro e o foco do edital era Cultura Negra.  A Cia dos Comuns, disputava o Teatro Glauce Rocha, mas  ganhou o concurso para esta ocupação uma  empresa de produção cultural de duas moças… brancas. Não prestou:

…O que se fala é o seguinte: é um protesto, uma denúncia…contra a Funarte e contra o MinC, notadamente contra esta suposta democracia que se instalou neste país…desta política de editais que diz que é democrática. Democrática nada. Isto é uma falácia!..”

 (Hilton Cobra no vídeo em “Eugenia Cultural” )

Havia uma forte e funda suspeita de que uma panelinha de artistas e produtores brancos, monopolizava e manipulava a seleção das bancas de pareceristas, notadamente na Funarte. Era notório o caso das produtoras brancas do mega evento de música negra “Black To Black“. Um amplo protesto, puxado por Hilton Cobra (o popular  ator e diretor “Cobrinha”) contra isto agitou o meio da produção cultural negra:

… Tô propondo que este movimento não se esgote e que em lugar de um movimento puxado pelo Hilton Cobra e Cia. dos Comuns, seja um movimento puxado pelo Forum nacional de performance Negra, núcleo Rio de Janeiro…”

(Hilton Cobra no vídeo “Eugenia Cultural”

Nasceu assim, para quem não sabe o movimento Akoben, um coletivo de artistas e produtores negros, atualmente muito atuante em seu contexto.

Com a saída de Ana de Hollanda do MinC Hilton Cobra, então líder do Akoben passa de pedra à vidraça, assumindo a presidência da Fundação Cultural Palmares até surgir, por fim, este promissor Prêmio Funarte de Arte Negra, entre outros editais com o mesmo fim.

Mas vejam só o quanto é pesado o karma dos negros deste país: A realização dos concursos foi logo embargada por uma liminar de um juiz federal, que os considerou, inconstitucionalmente…racistas (a efetivação da premiação está, inclusive suspensa ainda, sub Júdice).

Desde a suspensão dos editais, a Fundação Cultural Palmaresparticipa de reuniões com produtores culturais no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, a fim de encontrar formas de manter os processos de seleção. Mais três cidades, Belém/PA, Porto Alegre/RS e Aracajú/Se, se articulam para os debates com a presença de Hilton Cobra.”

Pareço, mas não sou estúpido. Bem sei que não me cabe aquilatar a qualidade dos projetos vencedores de qualquer concurso do tipo, muito menos este Prêmio Funarte de Arte negra (nem mesmo a dos cinco agraciados do Rio de Janeiro), pois nunca havia ouvido falar do nome da maioria dos ganhadores. Este tipo de ilação – quem não sabe – é perda de tempo total diante da enorme subjetividade do assunto.

Depende muito também de quem seleciona os jurados, da linha ética ditada pelos critérios estabelecidos pelo edital que, convenhamos, nem sempre são seguidos por causa de diversas injunções facilitadas pelo fato de os júris deste tipo de concurso serem sempre…maliciosamente ‘soberanos’.

O que se passa na cabeça de um ser humano no momento em que lhe dão o poder de julgar o que quer que seja, notadamente artistas ou projetos de arte, é obra da mais pura imponderabilidade. Mas posso sim opinar caso a caso sobre o que penso sobre alguns exemplos mais descarados de emblemáticos.

(E para a nossa sorte, muitas vezes tem gente olhando e… maldando)

“Cada cabeça uma sentença. ” gosto não se discute”, é o que dirão os conformistas, os oportunistas e os ‘em cima do muro’. Vão também me execrar porque, “lavo a roupa suja” fora de casa. Mas é aí que mora todo o perigo, pois, encobertas por subjetividades e hipocrisias como estas, quantas injustiças não são cometidas por aí?

Enfim, se quiserem, considerem este meu desapontamento uma bronca de preterido sim, mágoa de perdedor, mas entendam também que no caso da gravidade das referidas suspeições que lerão abaixo, não dá mais para apoiar campanhas supostamente justas sem clareza e transparência nos encaminhamentos, afinal justiça não é só a sentença. É sempre todo o processo.

Bem sei que selecionar 33 projetos num universo de mais de 3.000 inscritos, como  ocorreu neste caso, é uma tarefa difícil de ser realizada, mas algum tipo de filtro há que se criar para que os resultados reflitam, claramente a natureza justa da avaliação, mesmo que se considere o caráter político da iniciativa, como é o caso, valorizando os projetos mais emblemáticos e urgentes.

Infelizmente, pelo que vocês vão ter a oportunidade de avaliar a seguir, não foi de modo algum o que parece ter ocorrido na seleção deste Prêmio Funarte de Arte Negra.

Não temos como saber de onde partiu – se é que ocorreu, como parece ter ocorrido – este golpe de mão sórdido, irresponsável. Estão na berlinda neste caso, como bolas da vez para explicar tudo, a Funarte, o MinC por tabela, a Seppir e a Fundação Cultural Palmares, instituições oficialmente envolvidas.

Não temos, da mesma forma, meios de saber como foi montada esta banca de avaliadores (apesar de – desculpem a indiscrição – eu mesmo ter sido sondado para integrá-la, o que obviamente recusei porque participava do concurso como candidato).

A decepção advinda de minhas ressentidas suspeitas me recordou, aliás, mais uma vez esta fala de Hilton Cobra em 2012, por ocasião daquele protesto contra a Funarte: 

…” O que me deixa com a pulga atrás da orelha é se houve ou não má fé neste resultado… Eu queria mesmo na verdade é botar no ministério público, mas no ministério público eu não tenho coisa alguma para colocar…porque eu não tenho provas de absolutamente nada…”

(Hilton Cobra no vídeo “Eugenia Cultural”)

Respeito, admiro e, sobretudo, confio em Hilton Cobra, atual presidente da FCP, mas é o feitiço contra o feiticeiro. Muita coisa para a Funarte explicar. Como se decidiu a pertinência e a relevância dos projetos selecionados em relação aos preteridos? Que filtros foram usados na triagem? Quais foram enfim, em minúcias, os critérios utilizados para, de 3.000 inscritos se chegar aos 33 premiados?

Lamento, mas o quadro eu avaliei é bem suspeitoso.

O que me desaponta, portanto é que, a julgar (apenas como exemplo) pela não inclusão do projeto do Grupo Vissungo, dada – modéstia à parte –  a sua qualidade, pertinência e relevância histórica, talvez – não posso afirmar – este concurso pode ter nascido, infelizmente com o mesmo vício de origem dos anteriores (os concursos “de brancos”) resultados ambíguos, com lógica assentada em critérios vagos e inescrutáveis, baseados em panelinhas e compadrios.

(Indignado como estou, vou abrindo logo aqui que, velho militante do Movimento negro que sou – apesar de ter sido sempre, absolutamente independente – sou testemunha de que ética e moral das lideranças nunca foi o forte do Movimento negro, pelo menos este surgido nos anos 1970. E duvido que me desmintam)

É assim que o Titio, mordido até agora, parte para entender as filigranas, futuca o que pressentia e encontra o que não devia.

Vejam em minúcias a raiz do desapontamento: Já perdemos, nós do Grupo Vissungo,  trocentos editais na vida, as razões que sobram para nos desapontar (e a todos os perdedores de editais como nós) estão sempre associadas à falta de transparência dos critérios e às suspeitas de que as cartas talvez tenham ter sido marcadas.

Foi exatamente isto que o sempre combativo Hilton Cobra apontava quando estava do outro lado da cerca.

…Se este ano (2012) tivéssemos representantes negros nessas comissões diria o seguinte, olha só. Estas meninas b.r.a.n.c.a.s. têm apenas seis anos de experiência nesta área. Descobriram, com o o pessoal  b.r.a.n.c.o. do Black To Black como ganhar dinheiro em cima da cultura negra e o estado, o governo, dá dinheiro pra estes caras…”

(Hilton Cobra no vídeo “Eugenia Cultural”)

Eu mesmo tenho provas para corroborar o que Hilton apontava: Por incrível que pareça eu mesmo, pessoalmente já ganhei – recentemente até – um concurso desses, no qual fiquei com a forte impressão de que a firma que me representava tinha algum acesso privilegiado à banca.

(Não conto qual foi concurso, nem morto.)

Tinham “Q.I.”. Garantiram que eu ganharia e ganhei mesmo. Como nunca havia ganho nada deste tipo antes, macaco véio engoli o mimo, mas maldando pensei:

_”…E não é que estas coisas de panelinha existem mesmo?”

Vamos então conhecer agora, em suposições bem cabeludas como é de praxe com o Titio, os detalhes de mais esta historinha de carochinha feia desta tal de “elite negra” do Brasil.

Circo de pulgas

(Serão muitas pulgas e apenas duas orelhas. Dois picadeiros)

Neste caso, a estranheza começa logo a bater forte quando observamos que os projetos agraciados com o Prêmio Funarte de Arte Negra(acesse a lista no link) não são propostas conhecidas pela maioriade nós. Como assim? Cansamos de torcer uns pelos projetos dos outros e aparecem premiados ‘outros’? Aliás – que curioso- alguns destes projetos “outros” nem “Arte” exatamente parecem ser, já que, pelo nome têm uma pinta enorme de serem teses de mestrado.

(“Arte Negra”, diz o edital. Se liguem!)

É, no mínimo estranho que uma proposta – ou um proponente – sob a qual não se encontra nenhuma referência ou citação pública possa ser considerada tão genial e pertinente a ponto de tirar nota máxima numa disputa tão acirrada e de amplitude tão nacional quanto esta. Enfim.

Mesmo no campo da mera ilação, nos baseando apenas nos títulos e na ficha dos proponentes agraciados, podemos afirmar que o nível de qualidade da maioria dos premiados é bastante questionável, em certos casos visivelmente sofrível se comparado com a qualidade evidente de alguns dos preteridos mais conhecidos.

É curioso também observar que no currículo artístico de muitos destes agraciados, não há nenhuma relação anterior com a arte negra, o que é , no mínimo estranho. Alguns se parecem assim com aventureiros infiltrados, praticantes novatos de uma arte negra de ocasião, digamos assim, animados, quem sabe, pela janela de oportunidade aberta pelo edital.

Tudo certo. É assim que funciona o jogo enquanto não termina, mas dar nota máxima para tantos agraciados com este tão questionável cabedal é coisa pra lá de suspeita, não é não? Gostaria que explicassem publicamente isto aí.

Não é coisa irrelevante no âmbito de uma análise pente fino. Salta aos olhos, candente, uma pergunta que não quer calar: Afinal, qual foi o critério ESPECIAL, preponderante na escolha de alguns destes 33 premiados? A qualidade e a pertinência dos projetos em relação aos termos do edital, como vêem, é que não parece ter sido.

Analisei com o máximo de meticulosidade a lista dos agraciados e separei alguns casos (‘pulgas’) curiosos e instigantes que podem sugerir um quadro de suspeições bem delicado.

Vou logo pedindo, de antemão desculpas se a barraca de alguém cair ou se o balde de uns e outros amassar, mas, entendam, não estou mais em idade para salamaleques de pai joão.

Pulga número 01
O milagre da distribuição das notas 100.

Bastou uma rápida vista d’olhos na lista dos agraciados para deduzir logo de cara que só podiam ser propostas, absolutamente raras e geniais, já que obtiveram TODAS as 33 a nota máxima (100), enquanto que o projeto do Grupo Vissungo que, por exemplo e sem modéstia vã, reputo como de ótimo nível (pois fui eu mesmo quem o formulou) tirou apenas uma modesta nota…76.

Trinta e três primeiros lugares, sabem lá o que é isto? Ui! Esta pulga mordeu bem doído.

Surpreendente constatação porque a própria ministra da cultura, em recente encontro no Rio com artistas e produtores negros – de forma até bem deselegante, por sinal – manifestara a sua preocupação com a qualidade geral dos projetos.

Fiquei então matutando, tentando entender a misteriosa matemática que permitira que 18 avaliadores conseguissem encontrar valores absolutamente geniais em 33 projetos inteiramente diversos.

Um surto, uma explosão de qualidade? “_Onde estariam escondidos estes brincos, meu deus, estas jóias tão raras de nossa negritude?”_ Diria eu, extasiado.

_Culpa do racismo, que invisibiliza tudo que é da Cultura Negra”, diria a militância mais babaca, com seu corporativismo de botequim

Ora é evidente que uma suspeita enorme logo me assaltou. Ficou mais candente a constatação ainda quando percebi que logo após a trigésima quarta nota, todas as outras passaram a ser diferenciadas, aí sim, com frações e décimos, como seria lógico no geral.  Afinal era uma disputa de quase 3000 projetos e era lógico se supor que haveria uma batalha acirrada de décimos, mínimas diferenças entre os projetos, principalmente entre os mais competitivos.

Ora convenhamos : Nota 100 é o máximo, gente! O supra sumo, o ‘crème de  la crème’, entendem?

Mas não. Se era matematicamente impossível, fora de qualquer cogitação que as notas 100, redondas e exatas pudessem ser atribuídas a tantos projetos, o que teria ocorrido? Porque maldita razão cometeram este expediente tão tolo para quem, supostamente pretendia esconder o rabo de algum gato? Teriam dado notas máximas aleatoriamente para 33 pré escolhidos? Ora, me poupem!

O que se pode deduzir disto aí?

Se são altamente suspeitas as notas, rigorosamente iguais e máximas de 33 agraciados, obviamente passam a ser inválidas TODAS as demais que estão no rol de uma seleção única. E apenas este fator absurdo já seria suficiente, para desmoralizar completamente e embargar, o resultado do prêmio.

Desafio então, logo pra começar, que a Funarte – ou quem de direito – nos explique, direitinho COMO se deu este fantástico milagre da multiplicação das notas 100.

Ou PORQUE isto se deu, é claro.

Pulga número 02

A teatróloga nigeriana e a criação do mundo segundo os nagô

O nome de Aduni Bentonnão aparece na lista dos agraciados. Sei pelo facebook que ela é uma diretora de teatro nigeriana que realiza um trabalho ligado, principalmente á aspectos sócios religiosos da cultura yoruba, dos chamados nagô. Chama-se Cia. “É tudo cenao seu trabalho, que é bem conhecido no meio do movimento negro mais institucional.

Embora me incomode a temática excessivamente fundada em conceitos chavões da cultura negra mais ‘oficial’ (que este movimento negro mais “chapa branca” adora de paixão), não me cabe e nem tenho meios para avaliar ainda a qualidade estética, artística do trabalho de Aduni. É arte negra, com toda certeza e ponto. É só o que sei.

Contudo, o proponente do projeto dela, é Sidnéia Pereira, presidente da companhia “É tudo Cena” e secretária executiva do CEAP (Centro de Articulação das Populações Marginalizadas) mui notória instituição ligada ao Mov. Negro oficial governista, e ao PT, liderada por Ivanir dos Santos, atualmente, na condição de babalaô – tendo estado até com Papa –  liderando marchas pela liberdade religiosa no Brasil.

Considerando a existência de milhares de projetos – presumo que muitos de teatro – no concurso, me parece evidente sim, pelo menos provável, que o fato de estar ligada a estas correntes negro-oficiais facilitou bastante a Aduni Benton conquistar uma das 33 notas máximas e amealhar um dos prêmios.

Duvidam? Senão vejamos os outros

Pulga número 03

Um super black doutor que filosofa Deleuse

 “Você tem novos projetos para o público infantil?

Primeiro, um livro chamado ‘Era uma vez no Egito’ que deve sair em setembro de 2013 e terá apoio da UFRRJ para distribuição gratuita em algumas escolas e bibliotecas públicas. Eu tenho um terceiro livro da Coleção Nana & Nilo que está programado para sair em 2014, ao lado, de uma revista de colorir com personagens Nana e Nilo e animais da fauna brasileira que deve ficar pronta antes do fim de 2013.

(Ricardo Noguera para o blog do vereador petista do municio de Duque de Caxias, Ferreirinha)

 O projeto agraciado “Nana & Nilo e os animais”, que pelo que entendi faz parte de uma série de livros infantis com aporte de um site e jogos, é um caso também muito curioso.

Ricardo Noguera é um brilhante doutor mestre em Filosofia pela UFSCar – coisa rara em nosso meio – graduado em Filosofia pela UFRJ, especialista em Educação básica.

Noguera é também “autor de literatura infantil, com destaque para a ColeçãoNana & Nilo que, além de material paradidático, inclui diversos produtos lúdicos e interativos ligados a pesquisas nos campos da filosofia, antropologia, história e educação”.

Mas espera lá… Ora vejamos: O projeto de  Ricardo Noguera e Sandro Lopes (o proponente que é também o ilustrador), objeto da premiação neste concurso, não tem, rigorosamente nada a ver com este edital. Só com muito esforço se poderia enquadrar o projeto de Sandro e Ricardo no conceito “Arte Negra”. “Nana & Nilo e os animais” é, seguramente um projeto de literatura paradidádica, na área da educação básica

O caso da premiação deste trabalho tem mais pontos discutíveis ainda, como por exemplo: O trabalho já existe,já foi publicado e o site se encontra no ar, eu mesmo o visitei na internet  (o link vai aquipara vocês).

Qual seria então o objeto da premiação?  Uma edição de um terceiro livro da série como ele diz lá em cima? Algum produto sucedâneo? E outra questão: em se tratando de um livro, porque o projeto está nesta modalidade de edital e não a de co-edição de livros com a Biblioteca Nacional, outro edital também disponível no contexto deste mesmo apoio do MinC/Funarte á cultura negra?

As respostas para esta premiação podem estar no fato de Ricardo Noguera  ser um ativo militante do Movimento Negro, ligado, como é normal nestes casos a deus e o mundo neste âmbito mais oficial do movimento. Tem por esta mesma razão, me parece, algum trânsito no PT, campo de atração quase inevitável desta militância.

Se o projeto de Sandro Lopes e Ricardo Noguera – sem entrarmos no caráter de sua eventual qualidade sócio educativa – não tem relação direta alguma com Arte Negra (já estando inclusive produzido e realizado antes mesmo da premiação), que atributos teriam garantido a sua elevada nota e conseqüente premiação? Não seriam estas relações políticas e pessoais privilegiadas, o seu “Q.I”enfim?

O resto da entrevista dada por Ricardo Noguera  neste blog  petista, mesmo como ilação, pode ser uma pista interessante:

Pulga número 04

O fotógrafo Acampora, o estranho no ninho

 “Alexandre Acampora – Escritor, documentarista e fotógrafo. Carioca do Rio Comprido. Morou no Estado do Tocantins por quinze anos, onde foi secretário de cultura da capital. É membro da Academia de Letras de Palmas, foi eleito para o cargo de conselheiro de cultura da cidade. Escreveu no memorável Pasquim, editou jornais alternativos. “

Neste caso então nem sei o que falar, de tão óbvio. Alexandre Acompora, proponente deste projeto vencedor é, rigorosamente…branco. Teria ele se declarado, por escrito, negro ou pardo como o edital exigia, enfaticamente? Seria o caso de se conferir (bom frisar que quem exige o contrário e torna este aspecto um juízo é valor não é o Titio, mas o edital do prêmio). 

Vejam o currículo: Alexandre Acampora – com cara de ser simpático e super gente boa – é um intelectual de altíssimo nível, super dotado. Ex-secretário de Cultura de um Estado. Ele é tão bem preparado que causa enorme surpresa vê-lo disputando um prêmio tão modesto no meio desta negadinha.

Nada o salva, contudo de ser um total estranho no ninho deste prêmio

E vejam que coisa mais estranha: Não consegui encontrar na pesquisa – além desta constatação de que ele é um intelectual muito importante e um ‘não negro’ – NENHUMA relação –  nem mesmo indireta – de seu trabalho com ‘Arte Negra’, objeto precípuo do edital. O nome do projeto “Burungaba” sugere algo, mas não nos diz muito.

Como e porque Alexandre teria sido agraciado? Que diabos tem ele a ver com este concurso? Se candidatar seria até aceitável, ser habilitado é compreensível, mas acabar sendo um dos super vencedores é um mistério insondável que gostaria de ver esclarecido. Pelo amor de Deus!

Teriam sido talvez as suas prováveis extensas ligações pessoais e/ou institucionais o fator responsável por sua inesperada premiação?

Podiam explicar esta parte, por favor?

Vejam mais sobre Alexandre Acampora neste link:

Pulga número 05.

O xangô de Recife

Lucas dos Prazeres Ferreira é um jovem (28, 29 anos) e talentoso percussionista de Recife, muito famoso no contexto nordestino (Pernambuco e Bahia) e com incursões até internacionais. O trabalho mais autoral dele é a Orquestra Prazeres  grupo que trabalha com um repertório de percussão tradicional afro brasileira (basicamente ritmos do candomblé local).

Não é de modo algum surpreendente a presença destacada dele num concurso como este, mas é sim intrigante ele estar entre os 33 agraciados com o prêmio porque seu trabalho tem este recorte tradicional que se afigura como, de certo modo muito banal e recorrente. Comum, por se assim dizer. Ocorre , contudo que ele parece ter uma ligação intensa com certas instancias oficiais de nossa cultura negra mais oficial, como sugere este doc. a seguir:

“Fundação Cultural Palmares
extrato de inexigibilidade
de licitação nº 12/2013 – uasg 344041
nº processo: 01420008464201317 . objeto: Apresentação artística do cantor e percussionista Lucas dos Prazeres como parte integrante das atrações culturais, a serem desenvolvidas em Brasília, para celebrar o 25º aniversário da Fundação Cultural Palmares, o qual acontecerá na sede da Escola de Samba, Associação Recreativa Unidos do ruzeiro – ARUC, em 25 de agosto de 2013, a partir das 17 horas. Total de itens licitados: 00001. Fundamento legal: art. 25º, inciso iii da lei nº 8.666 de 21/06/1993.. Justificativa: Para atender a demanda do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira. Declaração de inexigibilidade em 21/08/2013. carolina conceicao nascimento. Coordenadora Geral de Gestão Interna. valor global: R$ 6.000,00. CNPJ contratada : xx.xxx.xxx Lucas Ferreira xx.xxx.xxx

(sidec – 22/08/2013) 344041-34208-2013ne800001″

É como ocorre com a maioria dos agraciados aqui citados. Não podemos nunca estar seguros da justeza de seu agraciamento porque a qualidade e pertinência deste agraciamento, em detrimento de tantos trabalhos preteridos, não nos parecem plenamente justificáveis, ficando sempre a suspeita de que pesou mais no caso a pertinência de suas relações com esta ou aquela instancia envolvida na organização do concurso, do que exatamente seu mérito, quase sempre nada excepcional..

(Veja mais Lucas e seu trabalho no link)

Pulga número 06

A moça da juventude petista

Esta proponente é o caso mais flagrante de suposto favorecimento. Para começar, Elen Linth Marques, tecnicamente é branca, ou seja, além do seu perfil étnico racial ser puxado para uma branquitude evidente (e repito: quem exige o contrário e torna este aspecto um juízo é valor não é o Titio, mas o edital do prêmio), Elen, que é cineasta, não possui, não encontrei, em seu vasto currículo nenhuma relação direta com cultura negra.

O que é bem mais ressaltado no currículo dela, contudo, é o fato de Elen LinthMarquesmilitar, pertencer – ou ter pertencido – ao Conjuve, Conselho Nacional da Juventude (foi a presidente do órgão por dois mandatos), órgão governista criado por e no governo Lula, ligado diretamente á secretaria geral da presidência da República, um dos muitos ‘aparelhos’ do movimento social brasileiro perpetrado pelo PT.

“O Conselho Nacional de Juventudeelegeu, em sua 7ª Reunião Ordinária, sua nova presidenta, Elen Linth Marques Dantas, Secretária Nacional da Pastoral da Juventude. Essa é a primeira vez que a sociedade civil assume a presidência do Conselho, antes comandado pela secretária-adjunta da Secretaria Nacional de Juventude, Regina Novaes. De acordo com Elen, o desafio da nova gestão será consolidar o tema “juventude” dentro da agenda pública como uma política de Estado.

O Conselho Nacional de Juventude– Conjuve, foi criado pela Lei 11.129 de 30 de junho de 2005 e regulamentado pelo decreto presidencial 5.490 de 14 de julho de 2007, com a finalidade de formular e propor diretrizes da ação governamental, voltadas à promoção de políticas públicas de juventude.

Pois bem, vocês viram aí: Elen é, mais do que qualquer outra coisa, ativa militante deste setor ideologicamente tão importante no contexto das estratégias do partido do governo, notadamente como força de mobilizações de massa, por trás de algumas recentes manifestações de rua, como o “chapa branca” Movimento Passe Livre e o Coletivo Fora do Eixo, de Pablo Capilé, aliás, também ativo colaborador deste mesmo Conjuve.

Pois bem, sabe-se lá por conta de que méritos, Elen Linth foi uma das agraciadas com o Prêmio Funarte de Arte Negra. Quer saber porque?

Sei lá.

Pulga número 07

Alugam-se negros e pardos. Paga-se mal

Michele Zguiet de Carvalho é formada em Literatura e Redação, arte-educadora, performer. Pesquisadora da área de Teorias do Imaginário. Beleza. Ela é de Porto Alegre. Dei uma olhada no trabalho dela e vi que é coisa muito fina, de alto nível.

O mais curioso da história contudo, é o enunciado do projeto (uma minuta que eu consegui encontrar aberta na internet). O texto é bem maior que os trechos que posto (posso disponibilizar a íntegra para os interessados), mas vejam só por estas pequenas minúcias como são interessantes seus detalhes:

Premio funarte arte negra
by Estevao Haeser on 22 March 2013  

1.Síntese
Seis artistas autodeclarados pardos e afrodescendentes serão convidados a participar do projeto: terão a possibilidade de frequentar
durante dez mesesum atelier coletivo, criando individualmente e coletivamente, sendo instigados pela proponente, que é professora de literatura e performer, a produzirem trabalhos a partir de referenciais teóricos e culturais (como cinema, música, literatura) que problematizam as questões sociais, geográficas, políticas, poéticas e históricas do negro na sociedade brasileira atual. “

Ou seja, o projeto se insere no concurso não, diretamente por ter negros com proponentes ou integrantes. O projeto vai na verdade…”alugar” negros e assim mesmo foi habilitado ao prêmio. Entenderam?

Além disto, o projeto não possui nenhuma relação direta com cultura negra pré existente. Supõe-se, simplesmente que “alugando” seis artistas negros a questão do edital ficaria resolvida. Esta dissociação total para com as exigências conceituais do edital aparece mais flagrante ainda quando observamos certas minúcias. 

Ao fim do projeto pretendemos terem mãos um conjunto de obras e processos que sirvam não apenas para inserir o debate da questão racial no Brasil no circuito da arte contemporânea, mas principalmente que inscrevam neste circuito os artistas invisibilizados pela mesma barreira social que sua arte representa. “

A proposta  é, claramente  enganosa. A simples imersão numa experiência de artes plásticas de artistas autodeclarados negros ou pardos (e observem que esta condição étnico racial ambígua, tem se mostrado cada vez mais sujeita a fraudes), não  contempla, por si só a inserção da questão racial no circuito do setor. O projeto também não me parece que tenha condições objetivas de inserir estes artistas em circuito algum.

Tirando a capa de filigranas, convenhamos, o projeto nada tem nada a ver com Arte Negra. Devia ter sido, em vez de premiado, punido com a desclassificação, por causa de sua ardilosa – embora apenas aparente – intenção de iludir.

Parece muito com um expediente esperto de ter acesso a recursos do MinC.

g.A partir do pagamento de cachê mensal de R$ 1000,00 para cada artista oferecer a oportunidade de viver de/para sua arte, ainda que somente por dez meses.

E mais, viram aí? O aspecto sutil que me chamou muito a atenção: Os seis artistas, supostos negros ou pardos, remunerados com R$ 1.000,00 por mês durante 10 meses, consumirão R$ 60.000,00, certo?. Como o prêmio é de R$ 200.000,00, o que se fará com os R$ 140.000,00 restantes? Deduzidas as despesas de praxe, divulgação e manutenção e aluguel de uma casa alugada especialmente para a ‘imersão’, esta grana remunera mais alguém? Quantas pessoas mais? Quanto para cada uma?

O que dizer de tudo isto? Os avaliadores não observaram todos estes suspeitíssimos detalhes? Como um projeto como este ganha nota 100 e é agraciado com um dos prêmios?

Detalhe: Michele Zguiet, a proponente é tecnicamente branca. Estevão Haeser, seu marido (e pelo que entendi da minuta o verdadeiro autor do projeto), contudo é tecnicamente mulato (pelo que entendi na planilha ele é um dos seis “convidados”. Se não for, será contratado.)

Nem sou tolo mais de questionar isto, claro (disse por aí certa ocasião que achava esta regra deste edital estúpida). Considerando-se que quase todo brasileiro tem um antepassado negro – sempre que lhe convém –  os proponentes sob suspeição logo aparecerão com uma avozinha mulata para calar a boca dos venenosos ressentidos.

Mas a pergunta procede: “Quem indicou” o tão impróprio projeto de Michele Zguiet de Carvalho para vencer o Prêmio Funarte de Arte Negra?

Pulga número 08

Um menino fora do eixo

Samir Raoni é entre todos o que tem o currículo mais suspeitoso, pelo menos se considerarmos como perigosas as suas relações com instituições e figuras que recentemente se tornaram execráveis, a vista de muita gente boa por aí.

É que Samir Raoni, pelo que vi na pesquisa, apesar de muito jovem, é um destacado membro do Coletivo Fora do Eixo, de Pablo Capilé. Samir atua no norte do país, com base no Pará e está profundamente ligado ao grupo de midialivristas formado no âmbito do Programa  Cultura Viva do MinC de Juca e Gil, contexto que, podemos começar a ver agora, gerou  organizações muito agressivas no que diz respeito, não só à sua defesa quase cega de certa facção do PT e seu  governo, mas também  pela sua enorme capilaridade e influência junto à juventude mais modernosa e rebelde do país, com tendências e práticas suspeitas, as vezes muito similares ás de coletivos fascistas do século passado.

As tendências ideológicas supostamente representadas pela atuação de Samir no FdE, contudo não têm a menor importância em nosso caso. É tudo posto na conta de nossa ampla liberdade de ação e expressão.

O que conta, o que se deve ressaltar mais firmemente é que sua atuação, digamos assim, artística nos pareceu muito remota, mais voltada para a organização de festivais de rock, gestão de cubo cards e a organização de redes de articulação para políticas públicas em sua região na linha do FdE. Não digo que não haja, mas não encontrei nenhuma relação direta, mesmo remota de Samir Raoni com Arte Negra, propriamente dita, o que torna a sua premiação (com nota máxima, 100, como todos os premiados) um mistério inexplicável.

Seu projeto premiado (um vídeo e uma série de debates a respeito de sua temática), pude confirmar também, não tem mesmo, rigorosamente nada a ver com Arte negra. E mais: O projeto de Samir Raoni, se bem entendi, já está pronto e circulando desde 2012 (vejam aqui neste link  ).

E a pergunta se repete: A que se presta a premiação se o projeto já foi concluído com outros patrocínios anteriores?

Veja também esta mais que elucidativa lista de presença do encontro promovido pelo Fora do Eixo (núcleo duro assinalado) com a ministra petista Martha Suplicy:

A lista de inscritos no I Encontro PAN – Ponto de Articulação Nacional Fora do Eixo só aumenta. Segue embaixo ela atualizada

…53. Maíra Miller Ferrari São Carlos SP Nós Ambiente Fora do Eixo
54. Samir Raoni Belém PA Polifônico
55. Vanessa Sandré Floripa SC
56. Pablo Capilé SP SP Casa Fde SP
57. Marielle Ramires SP SP Casa Fde SP
58. Lenissa Lenza SP SP Casa Fde SP
59. Thiago Dezan SP SP Casa Fde SP
60. Dríade Aguiar SP SP Casa Fde SP
61. Carol Tokuyo SP SP Casa Fde SP
62. Michelle Parron BH MG Casa FdE Bh
63. Vitor Guerra SP SP Casa FdeE SP

Teria sido esta intensa ligação de Samir Raonicom o MinC, o Programa Cultura Vivae o Fora do Eixo, os seus vínculos de militante governista enfim,  a razão mais forte para a sua inclusão entre os agraciados?

Foi o que me ocorreu, fortemente.

(E não deixe de ver o Samir em ação, militando a serviço do Fora do Eixo, no vídeoaqui linkado)  

Com a lupa, olhando o pulgueiro no desfile final

Nos finalmentes (ai meu forèvis) coitadas das minhas já ardidas orelhas!

O modus operandi  teria sido o seguinte: Alguns, a maioria dos projetos deve ter sido avaliada sim, pelo menos folheada, sabe-se lá por quantos ou sobre quais critérios, o que nem cabe discutir aqui, pois estas coisas, são, como disse, muito… subjetivas. Mas o resultado final parece que foi melado sim, descaradamente fraudado. Se foi mesmo e por quem, jamais saberemos.

O problema mais evidente é que parece haver sim na lista final, como vimos, certos projetos com…”Q.I”, selecionados segundo um misterioso critério que excluía todos os outros.

Daí – vejam que doidos! – atribuíram nota máxima (100) a TODOS os 33 agraciados, diluindo a possibilidade de questionamentos sobre o mérito da pertinência de uns em relação aos outros. E notem: o prazo para a impetração de recursos foi claramente proibitivo. O resultado foi sabido – pelo menos por mim – na tarde do dia 3/09 e o prazo para se recorrer se encerrou, a toque de caixa já no dia 05.

Outro problema: A julgar pelo título (único dado que dispus para avaliar a maioria das propostas), alguns projetos já existem (!) ou seja, não são projetos a serem realizados como os dos outros (o que é uma injusta covardia para com a maioria). E pior: Muitos dos projetos vencedores – pasmem – nem de cultura negra são, ou podem ter a condição de negros ou pardos dos proponentes (exigida pelo edital) facilmente questionável.

E a pulga mais enfática, a grande, aquela que pula mais alto: Não dá pra se saber quantos, mas, curiosamente muitos projetos deste Prêmio Funarte de Arte negra têm como traço comum o fato dos proponentes estarem atrelados, ligados diretamente a instancias subalternas do PT (o pior PT) ou à instituições “chapa branca” do movimento negro petista (governista, como as “seppirs”), que teriam sido, arbitrariamente inseridos na cabeça da lista.

O fato é que nesta pesquisa que fiz na lista dos 33 agraciados, apareceram muitos, pelo menos 7 que são comprovadamente ligados, direta ou indiretamente à instancias petistas ou governistas. Claro que estar ligado a um partido político, por si só não é uma atitude ilícita, mas a ocorrência de tantos casos assim num mesmo concurso, denota sim que algo de muito estranho e errado ocorreu, a ponto de produzir esta…”coincidência”.

Presentemente circula por aí no meio da produção cultural negra, uma campanha dirigida ao MinC para que se reserve 40% das verbas do ministério para a cultura negra. Eu mesmo já fui instado a colaborar com a campanha, com estes meus posts enfáticos e cheios de francamentes.

Se for para ensejar mais concursos baseados nos mesmos critérios obscuros e suspeitosos dos concursos “de branco”  (e insisto: Não posso provar que este é o caso) de que servirão estas premiações a nós, os ‘sem padrinhos’, os ‘sem-panela’, os que não se prestam a utilização de ‘jeitinhos’ e arranjos de compadrio?

Estou fora! Não contem mais com o Titio.

Porque deveria colaborar, militar, pessoalmente se continuaremos a ser preteridos como sempre? Se os procedimentos éticos serão iguais ou mesmo piores, do que os, supostamente praticados nos concursos de…”brancos”?

Estou fora!

Cobrar transparência e clareza nos critérios, ao invés de não seguir a maré e não se acomodar às práticas correntes, é uma ética burra, suicida, “sem noção”? Pode ser, mas foi assim que o Grupo Vissungo chegou até aqui, às vésperas dos seus 40 anos de carreira independente que seriam registrados e comemorados (CD e DVD históricos, mais três shows de lançamento) com este prêmio aí que para nós não virá.

Reflitam comigo: Se mesmo depois de quase 40 anos de reconhecidos serviços prestados à cultura negra do Brasil  (no caso do Grupo Vissungo) não somos considerados relevantes nem para um prêmio modesto de 150, 200 mil reais, se somos preteridos por qualquer ‘amigo do amigo’ o que esperar destas instituições do movimento negro oficial, de que adianta malhar neste ferro frio?

E esta constatação – muito refletida pelo Titio antes de torná-la pública – é lastimável porque se confirmada, desmoraliza um processo de mobilização política por direitos civis que se mostrava muito promissor e virtuoso.

Desmoraliza tudo, reivindicações por igualdade racial, cotas, respinga sobre todas as demandas do negro brasileiro – não só a dos artistas – porque nos desmascara a todos, moralmente, nos tornando iguais, tão oportunistas e antiéticos quanto afirmamos que eram…”os brancos”.

Que se embargue logo então este Prêmio Funarte de Arte Negra em nome de nossa vergonha na cara. Que o os negros todos do Brasil abandonem logo, em alguma esquina da vida, esta “chapa branca” governista, este pau de galinheiro de brigas por migalhas caídas de tão podres poderes.

Deixei de ser branco pra ser franco. Pronto, falei.

Spírito Santo

Setembro de 2013

44 respostas em “Dossiê do Titio: Prêmio Funarte de Arte Negra lavado

  1. Que mimo, rapaz? Não sabe ler não? E mais, quem é você? Vai ficar assim oculto, covardemente julgando e provocando? Está interessado em que? Está ressentido com quê?

    Me erra, cara!

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  2. Falta de ética é aceitar “mimos” de corrupção e posar de justceiro. Faça um dossiê sobre o concurso que você “ganhou”, defensor da lisura.

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  3. Marcelo Monteiro? É você?

    Fiquei muito curioso com este seu tão tardio interesse por este assunto. Mas veja, o seu exemplo de minha fala na época, é um maldoso equívoco seu. Aquilo foi dito já em público. Usei a minha própria experiência para mostrar aos incrédulos que as fraudes nesses concursos existiam mesmo. No caso eu não me corrompi, pessoalmente. Alguém me afirmou que aceitando trabalhar sob sua pessoa jurídica eu ganharia e, confirmou-se a afirmação. O projeto ganhou.

    Sobre o resto de sua fala, é mais do mesmo. Se você reler o dossiê, agora, já distanciado no tempo, vai perceber que as evidências que levantei de que houve fraude, eram cabais. Estive até com o presidente da Funarte na época e nenhuma das minhas alegações pode ser cabalmente desmintida, tanto que, como lhe disse, foram aceitas pelo MP.

    Releia também os demais comentários. O post foi muito debatido. Tenho certeza que contribui muito para aperfeiçoar e dar mais lisura e transparência nos editais desta área.

    Agora, cá entre nós…A quem você está defendendo? De que lado você está?

    Mais uma curiosidade, já que nem seu nome eu sei, está me escrevendo como um anônimo. É ético isto?

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  4. “O concurso foi melado porque o dossiê sugere”, com essa lógica (mais as “modéstias à parte”) fica difícil convencer uma banca da sua capacidade de executar um projeto cultural.

    Seu esforço sobre a lisura ficou bem claro:

    “…um concurso desses, no qual fiquei com a forte impressão de que a firma que me representava tinha algum acesso privilegiado à banca.

    (Não conto qual foi concurso, nem morto.)

    Tinham “Q.I.”. Garantiram que eu ganharia e ganhei mesmo. Como nunca havia ganho nada deste tipo antes, macaco véio engoli o mimo, mas maldando pensei:

    _”…E não é que estas coisas de panelinha existem mesmo?” ”

    Não inscrevi projeto neste edital mas, pense bem: talvez o contemplados também nunca ganharam nada do tipo antes e, “macacos véios”, aceitaram o mimo dos seus supostos QI`s. Acho que você os entende muito bem, já que partem do mesmo princípio de “lisura”. Pela semelhança, talvez eles até pensaram, ao receber o prêmio: ”…E não é que estas coisas de panelinha existem mesmo?”

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  5. Marcelo,

    Rs rs rs rs…

    Bem bobinho você. O comentário é bom como piada, mas denota alguma ignorância. Afinal porque dados e evidências obtidos sobre algo no google, no youtube, na internet em geral não seriam válidos? Século 21, meu chapa! Até a operação Lava Jato usa dados digitais.

    A maioria dos dados sobre o tema que eu investigava, aliás, só poderiam estar na internet, cuja pirta é o google. Que bobagem! hoje em dia TUDO está lá.

    Você, sabichão, pesquisaria onde? Na biblioteca nacional? Contrataria um detetive particular, um personal James Bond? Ah…fala sério!

    Veja o que diz a wikipédia (por favor, onde eles dizem “papéis” leia “arquivos” tá?)

    ——–

    “Dossier ou dossiê é uma coleção de documentos ou um pequeno arquivo que contém papéis relativos a determinado assunto, processo, empresa ou pessoa.

    Um dossiê geralmente contém uma biografia ou informações detalhadas para análise sobre um interesse em especial.

    Antes de iniciar um dossiê, o analista escolhe um caminho claro que deve seguir (por exemplo, detalhes de assassinato, técnica de lavagem de dinheiro).

    No final do documento e com base na informação coletadas, o analista tira conclusões, que indicam se o objeto de análise de determinado tema foi ou não alcançado.

    Um dos casos mais destacados em relação a dossiê é o Escândalo do Dossiê ou Dossiêgate. Outro dossiê famoso na política brasileira foi o Dossiê Cayman.”

    ——–

    Pena não poder identificá-lo pelo email, mas me parece que você tem alguma relação com o tal concurso. Ganhou? Recebeu? Prestou contas do que recebeu? Que ótimo?

    Quanto a mim, já que sabe pouco da minha vida, já ganhei diversos editais, muitos antes daquele e pelo menos três depois. Em função do meu esforço pela lisura dos editais em geral, dei entrevistas para sites e jornais. Ano passado, por conta desse trabalho, fui contratado como jurado de um grande prêmio nacional de cultura.

    O que estraga o seu comentário é o desprezo que com ele você demonstra ter pela ética e pela civilidade, faltou seriedade na sua crítica displicente.

    O concurso foi melado sim. O dossiê sugere fortemente isso. O Ministério Público, para onde eu mandei o dossiê o aceitou e protocolou, considerando os indícios relevantes. Não sei no que deu, provavelmente não tiveram interesse em investigar, mas eu cumpri bem o meu papel.

    (Imprima este comentário para ler se o meio internet te incomoda tanto.)

    Um abraço aqui do futuro.

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  6. Pesquisa no Google agora é dossiê? Por isso não é contemplado por editais…

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  7. Evandro,

    Depois eu volto comentando com mais vagar. Obrigado pela força. Por enquanto gostaria apenas de afirmar que há sim, tempo de se fazer algo quanto a este prêmio.

    Sou, me considero amigo do Cobrinha há quase 20 anos, bem antes de Comuns e lhe digo que é bem questionável a pertinência deste trabalho junto ao governo.Tenho uma ideia bem pessimista quanto a isto.

    Acho que a hora de se agir quanto a este assunto é agora e não depois. Depois é tarde.

    Abs.

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  8. Ola! Estou eu aqui lendo seu dossiê. Sou ator, pedagogo, arte educador e produtor cultural. Ha muito criei a NEGRARIA – Coletivo de Artistas Negros, onde o intuito é entender e discutir o que é Arte Negra. Termo esse que por muitos artistas, pesquisadores e demais formadores de opinião é considerado inexistente, visto que para eles, majoritariamente brancos, existe apenas a arte. Enfim… o objetivo aqui é outro, por tanto não vou me prolongar nessa conversa sobre tal definição. Participei do Fórum de Performance Negra, onde conheci o Cia. Dos Comuns, fundado pelo Cobrinha. Desde então tenho tido muito admiração pelo trabalho que ele desenvolve com a Cia. Fiquei muito feliz com a sua nomeação para o cargo de Presidente da Fundação Palmares. Acho que foi um ganho a criação do edital Premio Funarte de Arte Negra. Mas o seu resultado me trouxe certa descrença sobre a sua função. Fico satisfeito com levante das questões que o senhor coloca no dossiê, e penso que ele deva ser base para a reflexão para o próximo premio, visto que quanto a esse não a mais tempo de se fazer nada. Também penso que a partir dele pudéssemos organizar um documento a Palmares falando de nossas insatisfações e percepções sobre tal prêmio. Acredito que assim possamos contribuir com a construção de um instrumento eficaz que valorize e promova a arte negra e os artistas negros.

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  9. Spírito, me chamo “Dudu de Morro Agudo”, sou rapper, moro em Morro Agudo, Nova Iguaçu. Estou desde às 20 horas lendo o seu dossiê e os comentários do seu blog, os posts do seu perfil no facebook, assim como artigos em outros blogs que fazem referência ao seu.

    Fui pego de surpresa pelo resultado do edital, pois só descobri isso tudo hoje. Minha pontuação foi 80. Como também sou produtor cultural, estou acostumado a não ter projetos aprovados, mas sempre fico feliz por que outras pessoas ganham, ainda mais quando são conhecidos.

    Quando publiquei no facebook que o resultado do edital tinha saído no começo de setembro, foi afim de alertar outros amigos que talvez – assim como eu – não soubessem, recebi como resposta um link para o site AfroPress, que fazia referência ao seu dossiê.

    Me senti enjoado, me senti um babaca, me senti enojado com esse processo. Sei que muitas das suas suspeitas e apontamentos são verdadeiras, mas também não tenho como provar.

    Me senti mal porque durante o processo de divulgação do edital, mobilizei muitas pessoas, fizemos formação para o MINC aqui no Espaço Enraizados, alguns já estavam desacreditados, mas os convenci a escrever, a dedicar seu precioso tempo, assim como fiz.

    Foram várias semanas pesquisando, escrevendo, orçando. Mas quando li o texto no site AfroPress, na mesma hora, comecei a escrever um texto no Portal Enraizados (www.enraizados.com.br) linkando para seu blog. Fiz um texto rápido, pois meu intuito é amplificar o seu dossiê, para que o máximo de pessoas vejam e questionem todo esse processo.

    Não sei fazer muita coisa, mas barulho eu faço bem!!!

    Obrigado pelos esclarecimentos e continue dedicando seu tempo para causas tão importantes. Sei que deve ter dado um grande trabalho produzir tudo isso e o que mais gostei foi a sua sinceridade e coragem.

    Quando estiver em Nova Iguaçu, visite-nos no Espaço Enraizados.

    Abraços.

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  10. Pingback: #PortalEnraizados » Spírito Santo põe Prêmio Funarte Arte Negra sob suspeita

  11. desenha na pedra que eu quero ver, eu desenho em qualquer superfície, e tu faz arte onde? tripudiando o trabalho dos outros nesse blog de menina? o tiozinho deve ter muita falta de criatividade pra ter tempo de sobra pra escrever pra meia duzia de frustrado, né ?

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  12. Rs rs rs rs!

    Doeu, não foi? Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

    Se fosse mais bem informado, saberia que apelar para acusar negros supostamente cultos de “complexados”, é o último recurso dos brancos racistas.

    Não é contradição demais para um negão não?

    Se tivesse sabido ler os docs. anteriores, se fosse menos presunçoso, teria visto que escrevo sempre assim. O tom sarcástico foi o que você fez por merecer.

    Querendo, desenho mais. Na pedra se você preferir.

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  13. agora sim ficou claro pra mim o tom de frustração e complexo de inferioridade, nessa sua necessidade de se mostrar tão culto, eloquente, que faz tão bem o uso das palavras, espero que toda essa soberba sirva pra algo positivo em nossa cultura…pra mim só me causou pessimismo e cansaço…espero que isso tudo se esclareça como tem de ser

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  14. quê isso, sacudiu bonito, spirito. e ainda fez uma galera soltar pérolas do tipo todo mundo é pardo, mostrando que realmente não tem NENHUMA história ou reflexão no meio, o que coloca ainda mais sob suspeita a possibilidade de tirarem uma nota 100. morderam a isca e o anzol chegou a aparecer na testa, coisa linda.

    tô assistindo tudo de longe, com muito gosto. há três semanas me mudei pra nova york, consegui uma bolsa e vim fazer um doutorado aqui. vou ficar um tempo. e hoje já conheci um tata de palo mayombe. tem um movimento banto-caribenho forte aqui na cidade. vem coisa boa aí.

    um abração e te desejo muita força pra segurar a barra,
    rafael.

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  15. Marcelo,

    Com certeza ao me fazer esta pergunta você sugere que não leu atentamente o meu texto. Nem o que escrevi para a Michele (aquilo que ela lhe pediu, sei lá porque, que você respondesse por ela.)

    Está tudo lá, todas as suas angustiadas – e cínicas- dúvidas, estas que você julga serem certezas.

    Acho sempre curioso como uma pergunta tola como a sua pode gerar alguma conversa, mas veja: no debate (que esperava que fosse honesto e franco) não apareceu ainda, por inteiro, a minha opinião pessoal sobre o tema Arte Negra. É visível que você precisa mesmo de orientação a respeito. Acho vexatório um artista do seu nível (vi suas obras) não saber o que significa o seu próprio ofício e exprimir afirmações tão rasas e banais.

    E repito: baseio o questionamento expresso naquele dossiê, nos termos estritos de um EDITAL oficial. Não se faça de tolo. São os termos do edital do concurso, em relação ao projeto de vocês que estava sob suspeita e não vocês, pessoalmente.

    Contudo, agora está. Depois destes impertinentes comentários ressentidos e ofensivos, confesso que agora as minhas suspeitas já vão se tornando pessoais. É que vocês já estão se explicando demais, entendem? Enrolam-se na própria corda.

    “Porem assim como eu, outros tantos colegas artistas negros e pardos, exercem sua liberdade, em produzir obras sem esse compromisso de se auto-afirmar negro. ”

    Ridícula esta sua colocação. Primeiro porque esta sua autodeclaração de “negritude” soa cínica, falando em nome de negros e pardos como se julgasse mesmo um. Segundo porque – num ato falho flagrante – você afirma que negros não precisam se afirmar negros.

    Doidos! O edital da Funarte preconizava exatamente isto: Afirmar a negritude da cultura brasileira. Você costuma ler o que escreve? Pois é, precisa passar a fazer isto.)

    Mas está certo. Vou ter paciência com você. Este tema (ArteNegra) é muito complexo e ambíguo. Pelo que entendo, logo assim de início, você está se reportando ao conceito que define Arte Negra como sendo ” Arte feita por negros”, no ensejo de manifestar o seu direito de, em sendo negro (ou pardo) poder fazer o que bem entender de sua arte.

    Bem, mesmo fora do âmbito de um edital tacanho e cheio de contradições como o deste prêmio, eu diria que não é assim, de jeito nenhum.

    Neste aspecto, o artista nem mesmo negro precisa ser. “Artista negro” – um termo radicalmente colocado no edital como exigência sie qua non – não tem, a rigor nada a ver com “Arte Negra”.

    Grosso modo, Arte é Produto e Cultura é Processo. Logo Arte Negra é o produto de um processo no qual elementos de cultura africana (ou de sua diáspora) são de algum modo, indissociáveis.

    O conceito “Arte negra”, evidentemente não significa “tudo que um negro faz”. É uma definição ignorante esta aí. Arte, como disse está relacionada à cultura, à vida em sociedade e não à genética, óbvio! Logo, Arte Negra é tudo que, conceitual e esteticamente se relaciona e dialoga com valores e elementos oriundos da cultura da África negra.
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    E Arte Negra não é também, como você imagina, simplesmente desenhar negras exóticas de bunda grande, do mesmo modo que arte europeia não é apenas desenhar camponesas holandesas catando batatas. Ah…Vocês já deviam saber disso e estão me tomando tempo precioso.

    Entenda, portanto (se quiser desenho) que pelo que sugere em seus termos, o edital foi explícito em exigir dos concorrentes ser negro ou pardo e, ao mesmo tempo praticar o conceito de Arte Negra que expus acima.

    Ninguém está tirando o direito de vocês produzirem. Se vocês nem bem sabem ainda o que é arte negra, como poderiam questionar o conceito. Presunção bem barata esta.

    Não sei de onde vocês tiram esta ideia arrogante (e ignorante) de que têm alguma condição de debater o assunto mais do que quem quer que seja.

    Como são (pelo menos os três que vi) apenas supostamente negros (explico, caso não saibam: “negro” é um conceito moderno que engloba “pretos” e “pardos”) ou vocês foram beneficiados por terem relações com alguém poderoso, ou a banca foi amadora, irresponsável e errou na premiação.

    É esta a questão essencial. Pessoalmente entendo que se é um concurso de arte negra, o biótipo ou fenotipo do artista é irrelevante, mas o edital previu que não e está sendo questionado por isto.

    Toda esta xaropada sobre o avozinho e sobre relações sócio raciais e pobreza (putz!) é degradante. Não sei que tipo de imbecil você pensa que eu sou para cair esta esparrela piegas e melosa.

    O resto para mim é “wurst” (pegue o dicionário, vá em expressões idiomáticas), nada, besteira. E não sou um porco como você grosseiramente me denominou (sou até bem limpinho, pois, não mandei você se catar em algum lugar) Perceba enfim que faço todos estes comentários e denúncias, exatamente porque procuro usar bem o meu tempo.

    Se isto incomoda a você e seus parceiros…Problema de vocês. Se expuseram a isto quando decidiram tirar partido de um edital só para negões.

    Matei a vossa curiosidade? Então me poupem!

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  16. Marcelo,

    (Depois não vai dizer que o “tiozinho” não lhe avisou)

    Vou ali desenhar as respostas pra você e volto, com a ressalva de que espero que você saiba que quem chafurda é porco e isto foi uma ofensa pública que merece retaliação, correto?

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  17. Pois é tiozinho, meu português é esse mesmo, não tenho faculdade, tive de me virar logo cedo, portanto escrevo como falo, mas ainda assim respeito os mais velhos, mesmo esse, que se mostra limitado. E vou reiterar, creio que o senhor deveria achar uma atividade mais saudável pra ocupar o seu tempo, do que ficar chafurdando na vida de quem não conhece.

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  18. Me senti provocado pela confusão apresentada pelo Marcelo. Parece “cego em tiroteio. Eu hein!!!!!!!!

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  19. Marcelo,

    Não me menospreze, rapaz. Volte lá e leia a parte que pulou ou não quer considerar. Melhore o teu texto.

    Você não sabe ainda do que está falando.

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  20. Fiquei muito curioso por saber o que define “arte negra”, pois nos meus 20 anos de artista plastico, conheci muitos artistas sem descendência afro que produzem material artistico com o tema da negritude, por exemplo: o artista e professor da UFRJ Kazuo Iha (japonês) que desde os anos 80 produz litografias mostrando mulheres negras, e como ele muitos outros das mais diversas “raças” que produzem, o que pra muitos é arte negra. Porem assim como eu, outros tantos colegas artistas negros e pardos, exercem sua liberdade, em produzir obras sem esse compromisso de se auto-afirmar negro. O que é próprio da atividade de artista, ter e ser livre na criação. Meu avô que nasceu em 1900, filho de escravos, sempre me disse pra ser livre. Minha liberdade além de estar presente em minhas imagens está tambem, na escolha de ser artista, assim como de escolher meus temas. E sei que se hoje ele fosse vivo se orgulharia, por minha coragem, pois ser pardo e pobre, e artista neste país, é ato de coragem. E na minha vida, faço fazer meu direito de ser respeitado pelo que sou, pelo que crio, não pela minha pele de cor ou pelas dificuldades que tive na vida. Sobre o projeto “Casa Grande” posso afirmar que é genuíno e verdadeiro, somos todos da mesma classe social e racial, passamos todos pelas mesmas dificuldades, e queremos nosso direito de produzir e trazer esse questionamento sobre o que é “arte negra”. Particularmente pra mim, esse estereótipo do que se tem sobre “arte negro”, foi criado pra gringo branco comprar, por preço de banana, pra que o tal artista negro tenha o que comer, portanto é bem deturpada essa visão colonialista sobre arte afro em nosso país. Espero que o senhor reflita e se informe mais sobre arte a partir de agora, pois ser negro, é estar livre dessas amarras todas, desse preconceito, e dessa armadura que endurece o raciocínio.
    E mesmo escrevendo “ponto final” sabemos todos que essa é uma discussão que vai ainda perdurar por mais algumas décadas. Mas pra evoluir, a gente tem de confiar que há sim profissionais capazes de fazer algo produtivo. Espero que o senhor use melhor o seu tempo, pois já tirou o tempo de muita gente com esse seu dossiê.
    Boa sorte.
    ass: Marcelo Monteiro

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  21. É uma luta incessante. 40 anos já viste muitas coisas e poucos têm esse, digamos, privilégio e sabedoria para avaliar e mostrar com os recursos atuais, felizmente, como as coisas estão sendo feitas e a quem beneficiam, com dúbios critérios para facilitar. Imaginemos como se davam antes. Abs

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  22. O texto estava aberto na internet. Quando busquei seu nome ele apareceu. Era uma minuta, deu para perceber.

    Mande o texto integral sim, por favor. É importante neste caso.

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  23. Ok, Michele,

    Certo. O meu comentário sobre a autoria da minuta já estava explicado. Sei que era um resumo. Mas estava assinado “By Estevão Haeser. Como disse eu tinha poucos dados para elaborar o dossiê. Como você deve saber, neste tipo de questão os dados não são fáceis de serem obtidos e como eu afirmei várias vezes no post, as suspeições são apenas isto, suspeições, sempre meras ilações.

    Não sou o ministério público. Isto não é um julgamento.

    Bem, nesta mesma linha de raciocínio, trabalhei com a suposição possível, pelo que está expresso no texto de que os seis artistas arregimentados seriam outras pessoas que não vocês. Pelo que entendo então, o projeto já está em curso e as pessoas já estavam selecionadas. São aquelas que estavam com os currículos na minuta. É isto mesmo?

    Por outro lado, o problema da exclusão em Porto Alegre – e deste “algo estranho” que acontece -, com certeza, é o mesmo que acontece nas outras partes do Brasil. Diria aliás que não há nada de estranho nisto, tanto que esta foi a principal inspiração do edital.

    Permita-me acrescentar, inclusive que esta percepção de uma ‘estranheza’ neste caso– as idiossincrasias de nosso racismo sistêmico – é a marca principal do edital no qual, inclusive, se cuidou de exigir a confirmação formal e individual da condição de negros e pardos dos proponentes e dos principais participantes (uma exigência a meu ver, totalmente equivocada, mas enfim…), na certa para garantir por esta tosca maneira, que os beneficiários agraciados fossem, efetivamente negros (como você bem sabe, este edital é uma política pública inserida no âmbito da promoção da igualdade racial no Brasil)

    Se moro no Brasil? Estranha pergunta. Foi ironia isto? Ora, bastava ler atentamente todo o dossiê para saber que sim, moro no Brasil. Talvez você é que não esteja transitando no âmbito da cultura e arte negra do país para pensar isto. Se transitasse (ou, pelo menos lesse aquele longo texto), talvez soubesse que lido sim com estas questões a mais de 40 anos. A propósito morei fora do Brasil (Viena, Áustria) por alguns anos e posso acrescentar sobre o problema uma visão de fora também muito elucidativa.

    Certo. Não se pode esperar que as pessoas agraciadas se confessem que são fraudadoras. Esta hipótese é totalmente improvável. O Brasil vive ás voltas com este problema: Baixa taxa de percepção ética e uma malha de acobertamentos quase intransponível. As vezes as pessoas nem são, diretamente as fraudadoras. Fraudaram por elas, à sua revelia. Em casos raros, mas possíveis (citei uma experiência pessoal no dossiê) elas nem chegam a saber que seu benefício foi fraudado por terceiros.

    Com o edital vocês ganharam o ‘direito de trabalhar’, mas não tratei disto, de me colocar contra este direito. Imagina! Falei foi da pertinência deste direito ter sido dado a vocês – a luz do edital – e não a outros. Aliás, você afirma dados neste seu comentário que até agravam minhas suspeitas. Esta “atestado formal de negritude” exigido pelo edital pode ser mais questionado ainda quando você afirma que é uma das “negras ou pardas” beneficiadas. E os demais, também serão, “comprovadamente” negros ou pardos?

    Logo, embora discorde desta regra do edital, sei também do quanto de ambiguidades o problema está possuído. Esta questão da afirmação de negritude das pessoas, por exemplo, é crucial, pois aqui, em muitos casos, as pessoas confundem – as vezes, espertamente, vamos combinar – fenotipia com genética. A principal razão de minha discordância com edital diz respeito, aliás, exatamente a isto (e está claramente expressa no dossiê esta posição):
    Infelizmente por aqui, algumas pessoas com fenótipo de brancas, se afirmam negras ou brancas, segundo suas próprias conveniências, e fraudam assim, dissimuladamente, o direito de muitas outras.

    Não me refiro a você, diretamente. Desculpe, mas as suas alegações podem ter convencido, de algum modo a banca, mas para mim são estranhas. Não justificam muita coisa não. E olhe que nem estou ressaltando às restrições que fiz quanto à condição de Arte Negra efetiva de seu projeto. Ora, convenhamos que Arte Negra, não é apenas “arte feita por negros”. Ainda menos quando estes negros são fenotipicamente ambíguos. Pelo pouco que pude ler do seu projeto, ele não tem nada a ver com Arte negra, é sobre arte, de maneira genérica e este é o ponto crucial de meu questionamento. Por isto o tachei de “aluguel de negros”, supostamente um artifício para enquadrar o projeto nos termos do edital.

    Suas afirmações neste ponto complicam mais ainda o assunto e a legitimidade de sua premiação.

    Sobre o orçamento, certo, fiz contas em termos absolutas. Sei que sobre o prêmio incidirá imposto de renda, mas isto, provavelmente pode ser restituído, já que vocês são pobres. Não tenho meios de avaliar o orçamento de vocês mais do que observei, a banca,certamente fez esta avaliação, espero. O que faço é chamar a atenção para a necessidade de se reavaliar isto, no contexto de todas as suspeições que levantei.

    É um ponto importante dos questionamentos que os preteridos como eu fazem, na intenção de confirmar se houve lisura no julgamento.

    As demais justificativas, desculpe, mas não são avaliáveis por mim. Não conheço o projeto integral nem sou avaliador oficial de nada. Agradeço a sua gentileza em nos informar estes detalhes, mas o ponto crucial de minhas críticas não é exatamente este, que é técnico. Na minha proposta de reavaliação do resultado do prêmio, certamente este ponto será analisado por algum especialista.

    Desculpem o reparo, mas vocês não ganharam dinheiro para ‘investir em cultura’ apenas. O edital é específico para cultura…NEGRA. Gostaria mesmo muito de saber quais são estas questões mais profundas sobre racismo no Brasil e sobre “o prêmio em si”, estas que você afirma possuir, que eu ou as demais pessoas não saibam. Entenda, por favor que “venenosas” mesmo são as muitas artimanhas e ardis que as pessoas praticam para se amealhar recursos de patrocínio publico para seus projetos individuais.

    Creia, não sou leviano em ressaltá-las. Isto é prática corrente no Brasil hoe. Em todos os setores de nossa sociedade.

    Exerço o meu direito de protestar e lancei questionamentos que a maioria está julgando como pertinentes. Para mim o seu prêmio está sob suspeição sim e tive que expor os argumentos que disponho para lançar as minhas suspeitas. Sabia que a maioria dos agraciadod não ia gostar.

    E veja: Não feri privacidade de ninguém. Seu perfil de facebook, como o meu, é público. Estamos sujeitos a isto. Ter a sua foto era fundamental como argumento para corroborar as minhas afirmações a imagem dos agraciados. A questão do fenótipo, como argumento, é crucial neste caso. O próprio edital preconizou isto quando exigiu as declarações de que as pessoas eram “negras ou pardas”.

    Entenda que a sua privacidade não foi invadida e nem está em jogo. Você não está sendo difamada. Quem está sendo é o concurso, no sentido de que as pessoas têm todo o direito de questionar este tipo de decisão que deveria ter sido mais transparente. O concurso ao qual você se submeteu é público, envolve dinheiro público e eu o estou colocando o assunto, publicamente sobre suspeição. Ponto.

    E mais: A minha idoneidade está sempre à prova, mas não apenas pelo seu crivo, ao decidir realizar aquele dossiê, expus a minha idoneidade à prova para todo mundo. Você é a primeira, entre muitas que coloca isto em jogo, como retaliação é claro, mas aí você exagerou.

    De todo modo obrigado por tentar ser transparente.

    Ponto final.

    Abs

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  24. Bom, sou Michele Zgiet, autora do projeto “Casa Grande”. Ao contrário do que seu comentário indica, eu mesma escrevi o projeto, obviamente em conjunto com meu marido, meu parceiro de trabalho. O projeto “Casa Grande” não “arrebanhou negros alugados” por aí; ele surgiu da percepção de que algo estranho acontece no mundo da arte contemporânea em porto alegre em termos de exclusão, nasceu do encontro com alguns artistas e de nossa própria experiência. Não sei se vc mora no Brasil e entende que a exclusão social no Brasil se dá não apenas para negros retintos… neste país em que artistas pardos (quase todos somos pardos, não?) pobres são também negros, me parece maldosamente muito ingênua a suposição do “branco alugando negros” para um edital. Vc não me conhece e eu não te conheço, mas posso dizer que nenhuma linha do nosso projeto é mentira (vc o leu por completo, certamente). O que mais me deixou feliz com esta premiação foi o fato de que CERTAMENTE fomos escolhidos pelo projeto, já que nenhum de nós é rico ou conhece alguém poderoso. Com o edital ganhamos apenas o direito de trabalhar. Faço questão de desfazer uma pulga sua 😮 prêmio naão é de 200 mil… é de cerca de 158 mil, porque o imposto é recolhido na fonte. Cada um de nós, 9 artistas, receberá 1000 por 9 meses, incluindo eu. Receberei mensalmente mais 1000 reais por conta da produção, pois me dedicarei integralmente a este projeto.Uma casa na região central de porto alegre custa em torno de 4000 reais (incrível, não?) e será alugada por um ano para que possamos realizar nosso projeto de centro cultural. Com o resto do dinheiro, compraremos material de trabalho para estes artistas, não apenas para que trabalhem , mas para que ministrem oficinas gratuitas para os interessados. Faremos exposições e catálogo, acredite, isto custa tanto que sem este prêmio não poderíamos executar o projeto como um todo. A ideia é a de criar uma incubadora que se autogestione, nos livrando das garras do mercado de arte branco e sorbonnete. Enfim, ganhamos dinheiro para investi-lo em cultura, bem como o edital propõe. Tenho tantas questões, meu caro, menos venenosas e mais profundas para fazer, meu caro, sobre racismo no Brasil e sobre o prêmio em si que certamente não caberiam neste comentário. Mas gostaria de saber muito sua verdadeira opinião sobre quais deveriam ser os vencedores? existiria uma gradação de cor para sua premiação? Espero que não, porque isso seria racismo. E, em último lugar, gostaria de dizer que você fere minha privacidade ao recolher foto do meu perfil pessoal no facebook e publicá-la aqui sem meu consentimento. Só com esta atitude você já perdeu toda a idoneidade que poderia ter angariado se o real interesse fosse uma discussão profunda e não mera difamação.

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  25. Aliás, este texto que você refere é um texto de rascunho, muito antes do aceite dos outros participantes. De onde você tirou esse material? Se você quiser ter acesso ao texto que foi premiado, posso enviá-lo para que revise não apenas seus conceitos, mas também seus “métodos de pesquisa”, que certamente não agiram dentro da legalidade.

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  26. Realmente, Lula. É muito estranho que um projeto com algum nível de excelência, mesmo auto atribuído como no seu caso – e no meu – receba nota tão baixa. Só para ter uma ideia, o meu (Grupo Vissungo) tirou uma nota medíocre no meu entender: 76.

    Deviam explicar qual o demérito tão grande atribuído ao seu projeto. Sem a a explicação, fica parecendo Mero descaso.

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  27. Spirito Santo,

    Disse tudo, perfeito. Assino embaixo, em cima e dos lados!

    Mas, precisamos agir para que o pente fino aconteça efetivamente e, não apenas, em palavras e intenções.
    Que, se cobre da Funarte, dentre tudo o que já está pontuado no seu texto, a divulgação das notas de todos os projetos concorrentes, organizadas no quadro geral por quesitos e, não apenas a média final.
    Estou à disposição para as ações que se fizerem necessárias.

    “Que se embargue logo, então, este Prêmio Funarte de Arte Negra em nome de nossa vergonha na cara.”

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  28. Sábio Titio ,
    Faço das suas palavras as minhas fiquei indignado com o resultado!Sou músico, produtor e cantor, faço parte do Projeto Silas de Oliveira que modéstia é um parte Projeto de excelência e recebeu nota 8,6 revoltante!!!!!
    Agora com essas denúncias temos que embargar esse edital mandraque!!!

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  29. Apolonio,

    Bacana. Obrigado pelo apoio. Você tem toda razão. Acrescentaria dizendo que há um pensamento de casta ainda arraigado neste movimento negro mais oficial que agrava, sobremaneira as nossas dificuldades.

    Existe, já cansei de teorizar a respeito uma ideologia reacionária nestes setores, meio subalterna ao poder, ao patrão, ao “sinhô”, seja lá ele qual for que preconiza a criação e a manutenção se uma espécie de colônia de negros de elite, em detrimento dos interesses da maioria dos negros do país, que ficam assim gramando suas necessidades sem liderança alguma para os defender.

    Cansei disto. Como disse, 40 anos é tempo demais para aturar este despropósito.

    Quem for fraco que se arrebente.

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  30. Prezado Titio,

    Li com atenção o seu escrito e me senti bastante contemplado em tudo que você fala.

    Comumgo das questões levantadas desde sempre e especialmente em relação aos vícios perpetrados “per ominia secula seculorum” nas relações oficiais com o poder político burocratizado.

    Diante de sua sólida exposição, tenho a dizer que a meu ver, um caminho a trilhar em busca de melhores dias e para a nossa saida da condição secular de coadjuvantes para a de protagonistas do nosso destino (dos negros ), seria a solidificação de um sentimento de raça baseado na solidariedade e na apropriação dos nossos saberes. Do contrário viveremos mais séculos mergulhados em uma “pós-abolição” que trava o nosso futuro desejado de vivermos uma democracia.

    Acho que já falei muito, vou terminar me enrolando todo.

    Valeu o seu enpenho em provocar um debate de excelente nível que areja e amplia o ambiente para novas refleções.

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  31. Aduni,

    Obrigado pelo reconhecimento. A minha pesquisa foi mesmo no interesse de atender às dúvidas óbvias de todos os inscritos habilitados, a partir de suspeitas que se mostraram, infelizmente fundadas.

    Estou lendo o seu comentário e comentando ponto a ponto, pois muito me interessam todas as explicações sobre este lamentável incidente.

    Já visitei o seu, como os blogs e sites de todos os 33 agraciados (aqueles que possuem, claro). Foi através do seu blog que pude me informar sobre linha de seu trabalho, sobre o qual fiz comentários pessoais, afim de tecer considerações sobre o critérios de escolha usados na seleção, para mim muito questionáveis.

    Estes aspectos sobre a constituição do grupo são muito importantes e agradeço por me fonecê-los, mas entenda que eles não estão sendo postos em questão. Sobre tudo que está relacionada às enormes dificuldades de grupos negros sobreviverem e subsistirem, entenda também que já tenho uma prática de mais de 40 anos.

    Não questionei também, no geral, a relevância do seu projeto teatral objeto da premiação. Meu questionamento se prendeu mais ao contexto DESTE concurso, questionei que critérios teriam contribuído para que o grupo teatral premiado fosse o “É tudo cena” e não outro entre os que conheço. Reconheço e dou a entender no post que esta é uma questão a ser explicada pela banca de avaliadores.

    Quanto ao eventual favorecimento em seu caso, é claro que este tipo de suspeita jamais se confirma, dada a natureza obscura deste tipo de relação de compadrio. Uso neste caso, a larga experiência que tenho sobre as práticas desonestas, infelizmente recorrentes em nosso meio, o movimento negro em particular, useiro e vezeiro destas práticas

    O peso institucional do CEAP e suas eventuais relações com instancias ligadas diretamente ao concurso é que me sugerem – embora não provem – a possibilidade de ter havido favorecimento. Observe que ressalto, o tempo inteiro no post que não tenho como provar nada. Apenas assumo as minhas suspeições que são, absolutamente pessoais, embora, não sejam de modo algum isoladas.

    Sobre o bom currículo institucional do grupo, entendo que o recebimento de méritos, certificados de lei Rouanet, meras formalidades que são, cá entre nós, não são atestados de qualidade de trabalhos artísticos. Público final e críticas na imprensa é que atestam melhor estas coisas.

    Ótimo que você tenha achado pertinentes os meus reparos gerais ao resultado e, melhor ainda, que tenha apoiado a minha sugestão de uma revisão “pente fino” desta seleção.

    Por fim, como último reparo, gostaria de afirmar ou ressaltar que nesta minha proposta não estou afirmando suspeições apenas sobre os premiados supostamente brancos. Esta incongruência, que já observo pipocando aqui e ali nos comentários à minha matéria, entre todos, seria o mais grave dos equívocos, o mais desmoralizador.

    Há suspeitos de todas as etnias neste grande equívoco que parece ter sido o prêmio funarte de arte negra 2013.

    Espero que apenas um pente fino resolva.

    Mais uma vez obrigado pela pronta resposta,

    Abs,

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  32. Decorridos 42 anos desde as primeiras reuniões ( das quais participei em conjunto com uma centena de militantes, sob a Ditadura militar ) . Reuniões as quais eram voltadas para criação de “entidades” de Consciência Negra no Rio ( resultariam mais tarde na SINBA, IPCN, entre outras.) e em Niterói ( “Hífen”, extinta, precocemente, outra de São Gonçalo que não me recordo do nome, André Rebouças, etc).

    Já é hora de procedermos uma Avaliação, efetivamente crítica, sobre o que seria Ética para o Afrodescendente , considerando que a ” criatura” (Movimento de Negros e de Negras) tem perdido a credibilidade PARA SEUS PRÓPRIOS ” criadores” (reorganizadores, militantes, negros em geral)… em nome da conduta programada pela “Sociedade de espetáculos”, onde, o que parece, o que vale são os fins.

    Nos tempos atuais tendo em vista o acúmulo de informação e conhecimento adquirido por parte da classe média negra, já não é suficiente “demonizar” o Outro ( Branco) como estratégia de êxito discursivo pleiteando-se com isso tornar-se ” liderança” negra, como ocorria há algumas décadas atrás. O papel de mediador para assuntos do “mundo negro” perante o “mundo branco” Capitalístico, continua em voga numa luta de classe X gênero x raça. Será que o conceito de “liderança” aos moldes do que foi antes dos anos 70, é adequado ao momento em que o modelo de democracia representativa já não mais se sustenta? O mito acerca do Estado de direito virou historinha sobre a existência de Papai Noel.

    Depois de democratizar a farsa da Abolição, devo lembrar que a oficialidade do “20 de Novembro” caminha de modo vertiginoso para ser a bola da vez como engodo cívico. Tornando-se, com isso num “cabide de emprego” , o qual cabide durante os meus tempos de militância ( Direção por duas gestões) no Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (SINTRASEF), procurei combater. Aliás, enfrentei por quase douze anos o cometimento de assédio moral a FUNAI e pude perceber que os tempos mudaram. Não houve mobilização dos segmentos afrodescendentes organizados em torno disso porque são muitos os conflitos de interesses no dito movimento. O afro-brasileiro não se constitui como uma Comunidade étnico-cultural, mas sim como dizia Lima Barreto, o brasileiro age como “torcedores” de times, partidos ou de “panelinhas” , como se dizia antigamente.

    Em razão do neocomportamento conceitos tipo ” negro (a) de plantão”, ” preto de alma branca”, que no passado eram percebidos como deméritos, porque na prática os assim denominados desempenhavam para a Casa Grande a função servil de ” negro (a) de plantão” . Esses conceitos na contemporaneidade foram deslocados do cotidiano, principalmente, da militância ou dos afrodescendentes politizados. Para discussão a respeito da Ética, será preciso debater, também, esses pequenos aspectos. Não acha Espírito Santo?
    OBS: Aproveito para dizer que o projeto que encaminhei (“Ouroboros”) à FUNARTE , foi “habilitado”, porém, não foi “premiado”.

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  33. Prezado Sr. Spirito Santo!
    Li atentamente o seu “dossiê”, por que nós do Movimento Akoben, muito antes do resultado do “Prêmio”, na divulgação da relação dos classificados, já havíamos recebido a denúncia de alguns proponentes “brancos” que tenham se auto-intitulados “negros, pardos ou pretos”, não tínhamos como provar… Então só nos ajuda nesta denúncia. Portanto, parabéns pela sua minuciosa pesquisa sobre os 33 contemplados.
    2º ponto. Como a nossa Cia. Foi uma das contempladas e o senhor nos citou, e assim como tive paciência para ler cada palavra. Peço ao senhor que também dedique alguns minutos de seu tempo para ler o meu texto. Como o senhor não conhece o nosso trabalho, peço que visite nosso humilde blog, pois não temos grana para manter um site: cia.etudocena.blogspot.com.br //
    Sobre a nossa Cia. Peço que o senhor analise os documentos: A Cia. de Teatro É Tudo Cena! Associados, foi fundada em 13 de maio de 1996, dentro da UNI-RIO, na ocasião de meu curso de Bacharelado em Artes Cênicas. Só conseguimos legalizar juridicamente em 05 de julho de 2004, ou seja, 08 anos depois. E decidimos que a nossa “produtora” sem fins lucrativos seria especificamente para produzir trabalhos com artistas, técnicos e temas de cultura negra e afrodescendente, conforme rege nosso Estatuto, penso que somos os primeiros no RJ.
    Decidimos também que a “produtora” seria dirigida por mim, e pelas minhas 2 primas, todas MULHERES NEGRAS, Sidneia Pereira é formada em Administração e portanto, assumiria a Presidência, Diretora Financeira e a representação legal, ou seja a parte burocrática, a Sidna Pereira a Direção Cultural, e eu desempenho a função de Diretora Artística, pela minha formação, desde nossa Fundação.
    O projeto aprovado O PAULO DA PORTELA, foi escrito em 2005, registrado na Lei Rouanet em 2006, feito uma leitura dramatizada em 2007, no Jornal O Globo, com intuito de dar visibilidade para nos facilitar na captação de recursos e desde então, passaram 06 anos que estamos com ele embaixo do braço, também entrando em todos os Editais que julgamos pertinentes e que talvez tivéssemos alguma chance de vencer e sem sucesso. 06 ANOS!!
    Quanto ao fato de minha prima, ser contratada pelo CEAP (não tem carteira de trabalho há 2 anos, foi demitida) nunca nos beneficiou. O senhor lançar suspeita de que só ganhamos por conta da ligação com Ivanir do Santos, é realmente não conhecer a nossa batalha de 17 anos, sem nunca ter ganho nenhum Edital e desqualificar uma Cia. que sempre trabalhou com recursos próprios, e sempre fomos respeitados no mercado teatral.
    Desta forma, senhor Spirito Santo, não posso falar pelos outros 32, e nem quero!! Mas, tenho a certeza que o nosso projeto que foi avaliado pela Lei Rouanet e pela Lei do ICMS (RJ) sempre teve mérito no recebimento de seus Certificados. Recebemos 2 Moções de reconhecimento pelo nosso trabalho.
    Queremos sim, que seja passado um pente fino neste resultado, porque não temos nada a temer. Não vivemos numa redoma de vidro. Estamos sempre juntos, mas nunca misturados.
    Aduni Benton

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  34. Aparentemente a armação foi feita a partir de outros vetores.

    Por exemplo: Samir Raoni é do Pará, mas a ligação provável dele, caso seu prêmio tenha sido mesmo armado, é Brasília, no âmbito do Cultura Viva/MinC.

    Bem difícil saber.

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  35. Talvez um dos seus posts top five! Por acaso vc verificou a distribuição geográfica dos vencedores? Tente pilotar no mapa q provavelmente verá alguma “coerência “.

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