BRÓDER, de Jeferson De vem aí!

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Muito além do Samba e da feijoada

O cineasta Jeferson De está lançando o seu ansiado primeiro longa metragem ‘Bróder‘ (assista entrevista no vídeo aqui abaixo), com locações no Capão Redondo, emblemático bairro da violenta, intensa e complexa periferia de São Paulo.

No elenco figuras nota dez de nosso cinema como Jonathan Haagensen, Caio Blat, Cassia Kiss, Aírton Graça, João Acaiabe, entre outros.

Pelo que se anda dizendo por aí, no ensejo de narrar o reencontro de três amigos de gueto, com trajetórias de vida muito diferentes entre si, na festa de aniversário de um deles, ‘Bróder’ tenta abordar de maneira polêmica – ou seja, sem paternalismos e papas na língua – questões- chave da ora contida, ora explosiva realidade dos grandes ‘complexos de favelas’ das grandes cidades do Brasil, tendo como o contraponto a exclusão social perpetrada, entre outros mecanismos, pelo racismo onipresente, onisciente e onipotente, como um Deus do mal que engolfa tudo com o seu manto de iniquidades.

Vindo do Festival de Berlin onde fez bonito e tendo sido agora há pouco, exibido no Festival de Paulínia com sucesso (veja aqui a polêmica em Paulínia, onde júri premiou 5 vezes favela, agora por nós mesmos’ um ‘filme ONG’, segundo algunse a crítica premiou Bróder) o filme, praticamente marca a estréia profissional de um dos raros cineastas negros que o Brasil se dá o luxo de ter – o que, só por isto aí já é uma coisa a ser festejada.

Em Paulínia, além do prêmio da crítica especializada, ‘Bróder’ ganhou também prêmios do  júri oficial nas categorias fotografia, direção de arte e edição de som.

Muito afim de ver e aplaudir desejo que seja longa vida e a história de Jeferson De e seu jovem cinema ansioso de sair da contenção asfixiante e maniqueísta do gueto e da periferia, para o ar puro do mundo real.

(Siga o papo complementar nos comentários logo abaixo deste post e leia mais sobre este empolgante argumento em ‘ Cinema em preto & branco takes 01 , 02 e 03 )

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Ficha técnica de Bróder’:
(longa de ficção, 93 minutos, digital)
Direção: Jeferson De
Produção: Paulo Boccato, Mayra Lucas, Jeferson De, Renata Moura
Roteiro: Jeferson De, Newton Cannito
Elenco: Caio Blat, Cássia Kiss, Jonathan Haagensen, Silvio Guindane, Cintia Rosa, Ailton Graça, Lidi Lisboa, João Acaiabe, Du Bronks.

Spírito Santo
Julho 2010

3 respostas em “BRÓDER, de Jeferson De vem aí!

  1. (Claudia rangel comentando no Facebook)

    Já vi umas cenas de Bróder com o próprio Jeferson, quando ele esteve em Vitória em maio. Olha, parece um filmaço. Não vi 5 vezes favela 2, então não dá pra fazer um paralelo. Sinceramente, estou ficando de saco cheio de mazelas. Acho que prefiro o otimismo lúcido do Jeferson De. Que venha Bróder, injetando sangue e idéias novas no pedaço.

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  2. É por aí mesmo, só que eu acho que não é, exatamente melhor deixar quieto não. O amplo debate desta questão é crucial. Esta área – certo cinema brasileiro – está ficando cada vez mais minada de preconceitos. Isto se reflete de maneira muito intensa nas opções de produção e atrapalha bastante a abertura do leque, a democratização da linguagem cinematográfica entre nós – pelo menos isto- não só para a ascenção de novos realizadores, mas também para a assunção de novas temáticas, estéticas e pontos de vista.

    Me ocorreu agora mesmo lembrar a grande pressão que se faz no mercado contra a grande recorrência de filmes ‘de favela’ (‘Favela movies’, como se diz), entre outras coisas sob a alegada intenção de ‘proteger’ a imagem – e o mercado- do Brasil no exterior. Eu mesmo tive um roteiro recusado por uma amigo cineasta porque, segundo ele, a história pertencia a uma corrente estética, segundo ele, ‘brutalista‘ e totalmente indesejável para o mercado.

    Contudo, vamos combinar que a exclusão social, a violência urbana e a miséria, como temáticas artísticas são representações legítimas, quase irrecorríveis de nossa realidade, além de serem, plasticamente muito ricas. Por outro lado, existem aspectos mais profundos, humanos em suma, neste caldo de cultura fermentado nas periferias de nossas grandes cidades que são tão cinematográficos quanto quaisquer outros.

    O preconceito contra os ‘filmes Ong’ pode vir do mesmo lugar de onde vêm esta pressão anti ‘brutalista’: O maniqueísmo.

    O ‘5 vezes favela, agora por nós mesmos’ (ainda não vi o filme) vai sofrer muito deste preconceito aí por conta de ter sido produzido (dirão ‘apadrinhado’) pelo Cacá Diegues e, simbolicamente pelos outros então jovens cineastas do filme original (Marcos Farias, Miguel Borges, Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman).

    A polêmica diz respeito, exatamente a este ‘…agora por nós mesmos’ , sintomaticamente inserido como slogan da versão atual. Ou seja: A produção cinematográfica brasileira (quase) sempre dominada por ‘brancos‘ da elite, falando do povo com certo distanciamento ideológico quiçá paternalista (e, não raro – e com todas as as controvérsias – políticamente oportunista) estaria, realmente, dando vez a outras possibilidades de abordagem, outros olhares – o que, cá entre nós – seria bastante salutar- ou estaria sendo ‘aparelhado’ ( sejamos francos: como grande parte das ongs fazem hoje), oportunisticamente, pelos mesmos donos do mercado de sempre?

    Acho que temos uma discussão muito salutar nascendo disto aí. Os filmes do Jeferson De e da galera de ‘5 vezes favela 2‘, espero que seja uma espécie de Marco Zero desta discussão.

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  3. Esse lance de chamar o 5XFavela de filme ONG também me cheira a racismo e preconceito. Mas, deixa quieto, né? Vou esperar para ver esse e Bróder.

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